A história dos Beatos Manuel Gómez González e Adílio Daronch é um testemunho de fé, coragem e entrega ao Evangelho.
Padre Manuel nasceu em 29 de maio de 1877, em San José de Ribarteme, na região da Galícia, Espanha. Desde jovem, sentiu-se chamado ao sacerdócio e foi ordenado em 1902. Exerceu seu ministério primeiro na Espanha e depois em Portugal, até que, diante da perseguição religiosa na Europa, emigrou para o Brasil em 1913. No Rio Grande do Sul, encontrou uma realidade desafiadora, especialmente no sertão do Alto Uruguai, onde a fé católica enfrentava adversidades.
Adílio Daronch nasceu em 25 de outubro de 1908, em Dona Francisca (RS), filho de imigrantes italianos. Sua família mudou-se para Nonoai, onde Adílio cresceu em meio a uma forte vivência religiosa. Ainda adolescente, tornou-se coroinha e ajudante fiel do Padre Manuel, acompanhando-o em suas missões pelo interior do estado.
Missão no Rio Grande do Sul
Em terras brasileiras, Padre Manuel foi designado para a diocese de Santa Maria, assumindo primeiramente a paróquia de Soledade. Pouco depois, foi enviado a Nonoai, onde se dedicou com zelo à evangelização dos fiéis, incluindo os índios Kaingang. Ele reestruturou a paróquia, fundou uma escola, promoveu a catequese e incentivou a devoção a Nossa Senhora da Luz.
Adílio, apesar da pouca idade, demonstrava maturidade espiritual e dedicação ao serviço da Igreja. Ele acompanhava o padre em suas longas viagens missionárias, ajudando nas celebrações e na catequese das crianças.
No entanto, a região vivia um clima de violência e instabilidade devido aos conflitos entre grupos políticos. Padre Manuel, sempre defensor da paz, denunciava injustiças e buscava reconciliar as partes em conflito. Esse posicionamento incomodou líderes locais e despertou a hostilidade de alguns.
O Martírio
Em maio de 1924, Padre Manuel recebeu o pedido de visitar uma comunidade distante na região de Três Passos. Ele partiu com Adílio, sem saber que estavam sendo vigiados. No dia 21 de maio, foram emboscados por um grupo armado, amarrados a árvores e executados a tiros.
Os corpos foram encontrados dias depois, intactos, sem sinais de devoração por animais, o que foi visto como um sinal divino. Foram sepultados em Três Passos, mas, em 1964, seus restos mortais foram trasladados para Nonoai, onde passaram a ser venerados pelos fiéis.
Translado dos restos mortais dos Beatos Manuel e Adílio, 31 de maio de 1964.
Beatificação e Legado
A fama de santidade de Padre Manuel e Adílio cresceu ao longo dos anos. Seu testemunho de amor a Cristo e à Igreja tocou muitas vidas, e inúmeros fiéis relataram graças alcançadas por sua intercessão. Em 2007, o Papa Bento XVI reconheceu oficialmente seu martírio e os declarou beatos em uma celebração com mais de 80 mil pessoas.
Solenidade da Beatificação, 21 de outubro de 2007.
Hoje, a memória dos Beatos Manuel e Adílio é celebrada anualmente na Romaria em Nonoai e Três Passos, onde os peregrinos buscam inspiração em seu testemunho de fé. Seu exemplo continua vivo, encorajando os cristãos a seguirem o caminho do amor, da justiça e da paz.
Romaria em Honra aos Beatos Beatos Manuel e Adílio, maio de 2019.
Oração Pela Canonização
Ó Deus de bondade, que Vos comprazeis em acudir as necessidades de vosso povo em atenção aos méritos dos justos,
concedei-nos, por intermédio de vossos Beatos Manuel e Adílio, que foram fiéis na terra,
testemunhando com o próprio sangue sua fé no Redentor, a graça que agora Vos peço...
Fazei que, para a Vossa maior glória e proveito dos fiéis, sejam glorificados na terra com a honra da Canonização.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Amém.
Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.